A história dos bairros de Vargem Grande e Vargem Pequena, na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, tem características únicas na cidade.
Ainda nos dias de hoje, principalmente em Vargem Grande, carregam um clima interiorano bem marcado, com uma identidade rural muito forte, existindo vários núcleos familiares que se sustentam com agricultura orgânica e familiar.
Aqui se consolidaram restaurantes, com a existência do Polo Gastronômico de Vargem Grande, pousadas em meio a natureza exuberante da Mata Atlântica, clubes e casas de festas, tendo ainda o Clube de Regatas do Flamengo construído sua sede, o CT George Helal, ou simplesmente Ninho do Urubu. Esteve em atividade por aqui o Parque Aquático Rio Water Planet, inaugurado em 1998 e fechado no ano de 2018, sendo na época o maior parque aquático da América Latina.
As cachoeiras, tão procuradas nos verões, são um capítulo à parte, a parte hidrográfica da região é extensa e ainda muito preservada no maciço da Pedra Branca, as trilhas que levam até as cachoeiras são de fácil acesso, mas é importante que os moradores e visitantes tenham o senso de preservação muito apurado, a frequência desordenada acaba sendo extremamente prejudicial para o meio ambiente.
Em Vargem Pequena temos o campus da Faculdade de Veterinária da Estácio de Sá, com um importante atendimento do CRAS – Centro de Recuperação de Animais Selvagens, onde animais resgatados doentes ou machucados são atendidos, recuperados e soltos em seus ambientes naturais, voltamos a ter a Fazenda Alegria, que era uma espécie de parque com piscinas naturais e outras diversões, muito procurada por visitantes individuais e excursões em grupo nos anos 90, e hoje voltou como área de camping, o espaço de festas Lajedo, um complexo de cinco ambientes deslumbrantes, muito procurados para festas de casamentos, 15 anos, bailes de formaturas e comemorações de fim de ano de grandes empresas.
Não podemos falar da história de Vargem Grande sem citar o Quilombo Cafundá Astrogilda. QUILOMBO CAFUNDÁ ASTROGILDA: Em 2014 a Fundação Cultural Palmares concede o Certificado de Comunidade Quilombola ao núcleo de famílias que residem há muitas gerações no maciço do Parque Estadual da Pedra Branca. O nome Cafundá Astrogilda vem da matriarca, Dona Astrogilda, com a localização do seu Terreiro, que ficava no Caminho do Cafundá. Cafundá-Astrogilda. A preservação da memória e costumes é mantida com empenho pelos descendentes das famílias originais, inclusive com o Museu Cafundá Astrogilda.
A HISTÓRIA DO NASCIMENTO DAS VARGENS: Para contar a história das Vargens, Grande e Pequena, precisamos voltar aos anos de 1570, onde temos as Sesmarias concedidas pelo então Governador-Geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá. As Sesmarias eram distribuição de grandes lotes de terra, em nome do Rei de Portugal. Foi um expediente largamente utilizado na época para a colonização da Terra Nova. Em 1579 temos o registro oficial de uma Sesmaria, que abrangia o que hoje são as Vargens.
Quando falamos da história de Vargem Grande e Vargem Pequena, falamos obrigatoriamente do MOSTEIRO DE SÃO BENTO: Dona Vitória Corrêa de Sá, viúva sem filhos e herdeira de uma imensa área de terras, doa, em razão do seu falecimento, em 26 de agosto de 1667, para os Monges Beneditinos a sua parte na Sesmaria em questão. No século XVIII, Frei Lourenço da Expectação Valadares funda a fazenda Vargem Grande, onde ainda se encontram as ruínas no que hoje é o Sítio das Pedras, nome dado em virtude dessas ruínas erguidas pelos Monges serem todas construções em pedras maciças.
COMPANHIA ENGENHO CENTRAL DE JACAREPAGUÁ: No ano de 1891, em 5 de janeiro, os Monges Beneditinos venderam toda essa extensa área à Companhia Engenho Central de Jacarepaguá. As terras foram então repassadas mais tarde ao Banco de Crédito Móvel, e em 1936 à Empresa Saneadora Territorial Agrícola – ESTA. Hoje existem ruas pavimentadas e outras não, muitos condomínios de casas, sítios, haras, bares e restaurantes, sendo bairros muito procurados para moradia e visitação.
PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DE MONTSERRAT: Fundada em 1732 nas terras do Mosteiro de São Bento, ainda em Vargem Grande, após uma ventania muito forte a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, onde havia uma imagem de Nossa Senhora de Montserrat, acabou não resistindo, vindo a sofrer sérios danos e vindo ao solo. Após esse incidente, foi erguida a nova Capela, agora no bairro vizinho, Vargem Pequena, no alto de um morro, a uns 130 metros de altura, já com o nome de Paróquia de Nossa Senhora de Montserrat, em homenagem a Santa de mesmo nome. è sem dúvida o símbolo máximo do bairro de Vargem Pequena.
PARÓQUIA DE SÃO SEBASTIÃO: No início do século XX tivemos uma avassaladora epidemia de gripe espanhola. Em Vargem Grande o número de mortos foi gigantesco, e foi nessa época que Dona Santinha, de nome Mercedes Batista dos Santos, reunia moradores para em preces pedirem o fim da pandemia. No meio de toda essa consternação, ela prometeu que se a peste tivesse fim, doaria um terreno e arcaria com os custos da construção de uma capela em homenagem a São Sebastião, fato é que as mortes cessaram. Dessa promessa, surgiu em 1923 a Capela de São Sebastião, e no início dos anos 1980 a capela original precisou ser demolida, já que estava em lamentável estado de conservação, sendo erguida m seu lugar uma nova igreja, e que em 1987 viria a se tornar a Matriz da Paróquia de São Sebastião.
SÃO GONÇALO DO AMARANTE: No ano de 1625, Gonçalo Corrêa de Sá, filho de Salvador Corrêa de Sá, ergue uma capela em homenagem a São Gonçalo do Amarante, no antigo Engenho do Camorim.
AMAVAG – ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES E AMIGOS DE VARGEM GRANDE: A AMAVAG se confunde com a história do bairro de Vargem Grande, e se localiza em um prédio dos anos 1940, em estilo Açoriano, e que funcionou a princípio como sede da Cooperativa dos Agricultores de Vargem Grande. O prédio foi construído com o esforço dos moradores, e devemos citar o Doutor José Ferreira dos Santos Baltar (1909-1989), conhecido como Dr. Zequinha, morador ilustre de Vargem Grande, tendo o mesmo doado o terreno. Nos dias de hoje a Associação, além de lutar pela preservação da natureza, tem cursos e aulas, algumas gratuitas, de artes, cultura, música, esportes, etc.
PEPB – PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA: Criado pela Lei Estadual nº 2.377 de 28 de junho de 1974, O PEPB abrange 17 bairros da Zona Oeste carioca, tem como objetivo principal a preservação de toda biodiversidade encontrada na Mata Atlântica e seus muitos mananciais hídricos. O Parque Estadual da Pedra Branca é reconhecido internacionalmente como uma IBA (Important Bird and Biodiversity Area), ou seja, uma área prioritária para conservação da biodiversidade de aves, pela BirdLife International.
O SERTÃO CARIOCA: O Sertão Carioca é um livro de Armando Magalhães Corrêa (1889-1944), escultor, desenhista auto-didata, professor e escritor, publicado em 1936, Por volta de 1930 Magalhães Corrêa descobre a Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, se encantando com o que viu. Ele acabou comprando uma propriedade em Jacarepaguá, fazendo diversas incursões pelas Vargens, catalogando espécies da fauna e flora locais, seus habitantes e muito dos seus costumes e profissões. Os desenhos e gravuras do livro são todos feitos por Magalhães Corrêa, a bico de pena. O livro nasce das publicações em forma de periódicos no Jornal O Correio da Manhã, nos anos de 1931 e 1932, pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).
Conheça as Vargens!
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